28 março, 2016

CIDADANIA ITALIANA: QUAL SUA FINALIDADE?

Por Alexandro Veronesi

siamo.italiani@yahoo.com.br

Em matéria publicada recentemente na Revista Veja, Lula deixaria o Brasil para se apresentar como vítima de perseguição política e teria quatro opções de destino: Cuba, Venezuela, França e Itália, e o destino escolhido seria a Itália. Segundo a Veja, o embaixador Raffaele Trombetta, promoveu um jantar para quarenta convidados, entre eles, aliados do ex-presidente. Em determinado momento, Trombetta teve uma conversa reservada com os emissários do ex-presidente e ao embaixador foi perguntado sobre possíveis desdobramentos caso Lula se refugiasse no prédio da embaixada italiana e desse prosseguimento ao pedido de asilo político, Trombetta prometeu estudar as consequências. O fato da à ex-primeira-dama Marisa Letícia ter cidadania italiana e de o direito ser extensivo aos filhos igualmente investigados facilitava as coisas. Mesmo sem contar ainda com a resposta do embaixador Raffaele Trombetta, o grupo decidiu que a melhor opção era realmente ir para a Itália.

 

Em um comunicado oficial enviado à imprensa, a embaixada desmentiu a Veja sobre supostas conversas entre aliados de Lula e Trombetta em Brasília:
"Em relação à matéria 'O plano secreto' publicada na última edição da revista Veja, a Embaixada da Itália declara:
1. As informações referentes à Embaixada e às supostas conversas do Embaixador Raffaele Trombetta são inverídicas.
2.Relativamente ao evento no Palácio do Planalto, a pessoa destacada na fotografia e sentada em uma das primeiras fileiras não é o Embaixador Trombetta, como pode-se constatar facilmente. O EmbaixadorTrombetta estava sentado, junto a todos os demais embaixadores, no espaço reservado ao corpo diplomático.
3. Na conversa telefônica citada, foi dito ao jornalista que não se queria comentar fatos que, no que tange à Embaixada, eram e são totalmente inexistentes.

Brasília, 25 março de 2016"

 


O fato do embaixador não dar resposta e obviamente não participar do plano elaborado, segunda a Veja, merece o respeito dos ítalos brasileiros. Mas meu objetivo não é falar sobre esse plano, mas sim sobre algo que precisa ser discutido: a finalidade da dupla cidadania. Por direito de sangue, milhões de descendentes brasileiros tem direito ao reconhecimento da cidadania italiana, de acordo com as Leis e Normas da Itália.  Ter um direito e saber usá-lo é muito importante, mas às vezes, a finalidade de um direito adquirido não é o objetivo do direito concedido, que o digam nossos políticos que usam as ʻʻbrechasʼʼ na Lei para escapulirem! Mas qual seria a finalidade afinal e com que finalidade deveria se usar o direito a cidadania italiana: para reconhecer os esforços dos antepassados? Para reconhecer os mesmos esforços deles? Para poder trabalhar ou viajar sem vistos para países economicamente muito melhores que o Brasil? Mas como, por finalidade, dar a cidadania a quem merece de fato? Quem merece? E como merecer? Afinal milhões de ítalos brasileiros, apesar do direito a cidadania italiana, usam esse direito para poder trabalhar e viajar ao exterior sem ao menos falar a língua, conhecer a cultura e após a volta, não se encaixam em uma associação italiana. Quem tem prejuízo com isso? São perguntas que precisamos pensar para dar uma resposta. E qual seria a resposta correta??

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